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Nós nos desconhecemos.

Você saiu e eu esperei algum tempo para fechar a porta que deixaste atrás de ti, até que me reergui e corri para fechá-la e lutei para mantê-la assim. Até que, sem aviso algum, você foi lá e a abriu com a maior facilidade, apenas para mostrar-me que eu não a havia trancando. E você nem precisou bater, é como se para você houvesse apenas aberturas e para mim nenhuma saída.

A questão não mudou, você não permanece, você sequer entra de fato, você apenas se faz ser lembrada. Apenas se alumia no meu horizonte e me coloca a maquinar um futuro ao seu lado, só para eu ter o desprazer de me desvencilhar de ti e o que mais nos relacionar uma com a outra.

Eu tenho de ser forte. Ter forças para bloquear tua entrada ou, uma vez que não posso evitá-la, trancar tua saída. Olha bem para mim: você sequer está aqui. Sequer esteve. Mas continuo com os dizeres de querer-te.

Mas, como todas as manhãs, eu passei por sua estação e pensei em como seria nos reencontrarmos, o inusitado foi que você estava ali. Você embarcou no mesmo trem que eu, o que eu não tenho certeza, mas fizeste questão de mandar algumas mensagens como única manifestação, já que não se propôs a levantar de seu assento, não é mesmo? Também não me levantei de onde eu estava, e agora tenho a dúvida de bagagem: estivera mesmo ali? Ou, melhor dizendo, o que entre nós foi realidade?

Sonho com você e quando acordo, sonho em te conhecer pra valer. E antes de dormir, peço para lembrar de te esquecer na manhã seguinte.