Músicas as vezes parecem berrar, barulhentas demais até que no instrumental. Os filmes, agressivos, cheios de mensagens subliminares ou escancarando o que não é do meu interesse. As fotos ainda variam demasiado. Por mais que eu tenha músicas para escutar, livros para ler, filmes para assistir e fotos para ver, eu fico deitada, sentada, fico em outro lugar, noutra dimensão, num lugar paralelo ou sei lá, eu só me “desligo” sem saber o que estou fazendo e onde estou, até que tenha se passado um intervalo de tempo qualquer e eu não me recorde nem de poucos segundos atrás.
Eu estou uma bagunça e não me acho nem se virar do avesso, abrir e sacudir meu conteúdo.
Parece que vou me debulhar em lágrimas, chorar até não haver mais oxigênio, que vou secar e me desfazer, mas essa sensação se limita ao meu interior, então é como se eu estivesse aos prantos de bochechas secas mas olhos não menos ardidos e cansados.
A ansiedade me consome, fico agitada mesmo quando inerte.
De muitas maneiras é como se meu organismo fosse composto de algo corrosivo e eu estivesse apodrecendo, adoecendo, me ferindo, me dissolvendo e me tornando o que não sei nomear.
Quimera eu soubesse me pontuar, sei da agonia sem pausa, clamando por atenção a cada entranha a mais que revira.
Eu estou cada vez mais congelante, também, as mãos geladas já são algo além disso.
Eu precisaria estar mais em ordem, com alguma linha de raciocínio ou pensamento ordenado para continuar, mas não consigo.
(Tem uma coceira aqui dentro, ao mesmo tempo que parece ter agulhas em minha corrente sanguínea e garras que me dilaceram de dentro para fora, ainda sinto um impulso de fazer o que eu nunca sei bem o quê, mas que acabo fazendo da pior forma.)